quarta-feira, 11 de setembro de 2013

ZERO A ZERO

Não devo nada a ninguém, ninguém me deve nada.
Como seria fácil se a vida fosse isso: uma operação contábil.
Não é.


terça-feira, 10 de setembro de 2013

PLATEIA

Por trás de um ditador, há sempre uma legião de imbecis a idolatrá-lo.

QUEM AMA LATE...

Mas não bate.


GAROTO PROBLEMA

Após uns quinze anos ininterruptos de análise, segue convencido de que papai e mamãe são os maiores responsáveis pelo tiro que não levou. Mas os gastos (de dinheiro e tempo) não foram em vão. Agora, ao menos, sabe quem é. Ou seja: o problema pegou o andaime e mudou de patamar:

-- Doutora, agora que sei quem sou tomei uma decisão: não quero mais ser quem sou.


segunda-feira, 9 de setembro de 2013

GORDUCHOS, A CULPA É NOSSA


Que a caça aos gorduchos passou dos limites, nem um magro intelectualmente honesto pode negar. Há tempos, nós, os mais fofos, passamos a ser uma espécie de praga universal, peste a ser erradicada. Somos responsáveis por toda e qualquer desgraça – do efeito estufa à alta do preço do tomate, do rombo da Previdência à precariedade do Sistema Único de Saúde, da situação calamitosa das calçadas à lentidão das filas. E o que é pior: não há uma mísera ONG que nos defenda.

Um amigo meu foi acusado de provocar acidentes de trânsito.

-- Eu? Não tenho carro. Nem dirigir eu sei. Só atravesso na faixa de pedestres, respeito todos os sinais – tentou se explicar. Em vão. Seu acusador devolveu de primeira:

-- Eu sei, eu sei. Mas, de que adianta tanta prudência? Um corpanzil desses, chupando sorvete e caminhando livre, pesado e solto pelas calçadas, desvia a atenção de quem dirige. Só uma foca amestrada, como você, não sabe disso.

Há coisas piores, bem piores. Dias atrás, um conhecido postou no FB uma mensagem em que dizia as razões pelas quais rompera a relação de amizade com um cliente. O homem, segundo ele, é dado a contar piadas bestas, do tipo:

-- Mulher gorda e pantufas a gente só usa em casa.

Que animal! O conhecido fez bem em romper com a anta, que é quase um obeso mórbido. Ou seja: nem os gordos se respeitam mais. Riem de si próprios. Aonde vamos parar?

Enquanto os magros riem dos gordos e os gordos riem deles próprios, a ganância mostra suas garras. Bem feito, bem feito. Desunidos, não chegaremos a lugar algum que preste. Leio nas folhas que uma companhia aérea do Pacífico Sul (Samoa Air), não contente em pesar as malas, obriga o passageiro a subir na balança. Quanto maior o peso da bagagem e, principalmente, do viajante, mais cara a passagem. Não está longe o dia em que funcionários das companhias aéreas dirão aos mais pesados:

-- Por favor, se dirija ao setor de cargas. Esta balança aqui, para pessoas normais, não dá conta de sua massa corporal.


Que barbaridade. (abril de 2013)

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

MENTIRA DE BÊBADO

Naquele tempo, faz tempo, o vestibular para o curso de jornalismo era realizado de segunda à sexta, à noite. No sábado, também havia exame, na parte da manhã. 

Na sexta, após a conclusão da prova, nossa turma resolveu tomar umas e outras, que ninguém é de ferro. Para nossa surpresa, lá pelas tantas, chegou um dos professores que fiscalizava as provas. De onde veio, ninguém soube. Mas chegou bêbado. 

Sentou-se à mesa, pediu mais algumas e deitou falação. Seu sonho nada secreto: queria devolver a GAZETA aos seus tempos de glória, tarefa que se mostrou inviável.

No sábado, um colega de vestibular e copo, acabou a prova mais cedo. Antes de sair da sala, disse em alto e bom som:

-- Pessoal, vou para o bar. Até já. Boa sorte a todos.

O velho professor, completamente recuperado do porre da véspera, lhe perguntou:

-- Quer dizer que o senhor é daqueles alunos que, após as aulas e provas, vai para o boteco?

-- É verdade, professor. Mas não sou o único que bebe – ironizou o vestibulando.

O mestre não passou recibo, mentiu com convicção:

-- Se você está querendo insinuar alguma coisa, saiba que já bebi muito. Mas há anos não sei o que é colocar um gole de bebida alcoólica na boca.


E mais não disse. Seguramente, depois da prova, foi beber em outra freguesia. (agosto/2013)

SE LULA FOSSE O PRESIDENTE...

-- E aí, mano velho: que achou do novo papa?

-- Parece ser um cara legal, boa praça. Mas a gente não pode esquecer que ele é argentino. Se Lula fosse presidente, não deixava acontecer uma coisa dessas, não. Ele emplacava um dos nossos. Se não desse, negociava... Fazer o quê? Dilma é mais fraca. Pelo menos o papa gosta de futebol. Podia ser pior.

-- É verdade. Se Lula estivesse lá, chamava o cara pra jogar uma pelada no Torto. Ainda mais agora que ele vem ao Brasil, pra participar de uma festa da Terceira Idade, acho que é isso, sei lá.

-- Digo mais: Lula aproveitava a pelada e o churrasco pra jogar um agá em cima do homem: “Preciso arrumar, Papa Chico, uma ocupação pra Delúbio. Ele está no desvio. O cara é fera. Vai cair como luva numa diretoria do Banco do Vaticano”.

-- Mas Delúbio não entende nada de banco...

-- Você tá louco. Ele sabe tudo de banco. Aprendeu com o carequinha.

-- É verdade, mano velho. Você está certo. Tinha me esquecido.


-- Lula faz falta. (março/2013)

PRESIDENTE TEM QUE SER MACHO

Foto: Kashif Ahmed/www.deliberation.info
Entre umas e outras – todas, melhor dizendo –, a conversa rolava solta no bar da Bentinha. Ali, não tem assunto tabu. Nunca teve. É um espaço democrático, embora não se possa dizer o mesmo de muitos de seus frequentadores – alguns adeptos juramentados da filosofia do “prendo e arrebento”.

No bar da Bentinha, todos os temas são tratados com convicção e veemência. Sempre. Pouco importa se os conhecimentos dos debatedores acerca das matérias em discussão são pífios. Cada um fala e repete o que lhe dá na telha. E o que é melhor: ninguém precisa arcar com as consequências.

Naquele final de tarde, começo de noite, as discussões tinham a política como foco, por conta da morte mais que anunciada do caudilho venezuelano. 
 
-- O homem morreu – afirmou, consternado, Vicentinho, o mais mirrado e politizado da turma.

-- Que homem? – quis saber Mundo da Lua, o mais avantajado e alienado de todos.

-- Caracas, Mundo. O Chávez, Hugo Chávez, presidente da Venezuela. Chávez se foi.

-- Esse cara não era de Cuba?

-- Mundo, o de Cuba é Fidel Castro – explicou Vicentinho, com uma pitada de irritação.

-- É verdade. Esse também já morreu. Eu li nos jornais.

-- Morreu nada, homem. Está vivo. Está mal, mas está vivo.

-- E você está chateado por que o homem morreu? – perguntou Mundo da Lua.

-- Claro. Chávez era o cara: valente, não mandava recado, dizia na lata o que tinha que dizer. Chamou o presidente dos Estados Unidos de “diabo”. Na ONU. Só não pegou ele de pau porque os seguranças não deixaram. Era socialista, queria o bem da humanidade, menos dos americanos. Destes, ele nunca gostou. 

-- Mas era um ditador – retrucou Mundo da Lua, num raro ataque de lucidez.


-- Ditador coisa nenhuma. Ele não tinha paciência com políticos. É diferente. Se enchessem muito o saco dele, era capaz de mandar fechar o Congresso. Para que serve aquilo? Pra nada. Só pra gastar o dinheiro do povo pobre. Também mantinha a Justiça com rédeas curtas. Onde muita gente dá palpite, a coisa não funciona. O Brasil precisa de um Chávez, de um patriota, que salve este país.

-- Caramba, e o Lula, não é bom?

-- Mundo, Lula é frouxo. Em vez de fechar o Congresso, mandou dar mesada pros caras. Pode uma coisa dessas? Um homem que faz isso é macho? Chávez mandava todo mundo para o paredão. Com ele, não tinha conversa mole. O Brasil precisa de um cara que dê um murro na mesa e diga assim: “Olha aqui, minha gente: quem não seguir a nova cartilha vai ver o que é bom para a tosse”. Aí, endireita.

-- É verdade, Vicentinho. É por isso que gosto de conversar com você. Sempre aprendo coisas novas. Vai mais uma?  (março/2013)



PIO XXIV NÃO SABIA QUE HÁ MULHERES...


Ernesto podia se conformar com tudo. E com tudo se conformava. Sempre foi homem de boa fé. Mais conformado que ele, se é que existe criatura dessas, não conheci ninguém. Nunca se ouviu um grito seu, um palavrão sequer. Daquela boca bendita só saiam orações. O máximo que ele se permitia era emitir – coisa rara – um sonoro “e que tudo o mais vá para o inferno”. Era fã de Roberto Carlos. Para compensar o rompante desnecessário, a seu ver, partia sempre para uma série de novenas. Aqui se faz; aqui se paga. Ernesto sabe disso. Jamais deixou de rezar, embora fosse homem de pouco pecar.

Mas sua beatitude não lhe tirava o prazer indescritível de se empoleirar, duas, três vezes por mês, sempre às terças-feiras ou quintas-feiras (o Corinthians, seu maior vício, só joga nas quartas e domingos) em Verônica – mulher à moda antiga: patroa de ancas largas, cintura fina, peitos avantajados, mulher que hoje não se faz mais. A elegância exagerada pôs o mundo a perder. Hoje, ser bacana é ser pau de virar tripa, mulher sem carne, só pele e osso, nada mais. Frango a passarinho.  Não quero falar de gravetos. O mote dessa conversa é Ernesto, o pio.

Era terça, era quinta? Não sei. Minha memória falha sempre quando preciso dela. O que sei é que era dia de Ernesto marcar o ponto. Verônica fez o que sempre fez: cumpriu sua parte, simulou com maestria. Mas a vizinha reduziu seu teatro à categoria de circo mambembe: berrou além da conta, pecou pelo exagero.

-- Caramba, ela deve estar tendo prazer medonho. O cara deve ser bom mesmo, disse Ernesto, com uma estaca de inveja no peito.

-- Bom nada. Ela está fingindo, eu sei. Conheço bem a figura.

-- Quem? O cara? – impacientou-se Pio XXIV.

-- Não. A vizinha, Ernesto.

-- Você finge também?

-- Eu não, querido, eu não. Jamais fingi. Você é demais de bom. Vamos dormir. Está na hora. Na semana que vem a gente continua.

Ernesto riscou do seu caderninho as terças e quintas também, dobrou a reza pelas mulheres que fingem. E Verônica encontrou a paz. Finalmente. Mas a vizinha, coitada, continua a ganir o prazer que só o marido dela toma por vero.  (abril de 2013)



POBRE ANANIAS

Jornalista em fim de carreira, vivendo de bicos, Ananias é sujeito de hábitos prosaicos. Nem poderia ser diferente. Sempre trabalhou muito, sempre ganhou pouco. Seu único lazer, fora as leituras, é tomar um aperitivo em botecos populares. O dinheiro é curto. Mas não reclama, até gosta de conviver com pessoas simples, de não se desgarrar do mundo real. É seu lado repórter a desassossegá-lo. A desgraça é que, frequentemente, tem que mudar de boteco. E sempre pelas mesmas razões. Ninguém suporta ser motivo de chacota. Nem Ananias.

No início, os novos amigos lhe fazem festa. Apresentar-se como jornalista é coisa que costuma causar certo frisson na maioria das rodas. Mas, logo, logo, a admiração inicial, que beira a vassalagem, é substituída pelas gozações. É questão de semanas. A porta do inferno está aberta. É sempre assim.

“A” quer saber se ele já entrevistou Obama. “B” não se conforma que ele não tenha tido um encontro sequer com Fidel. Não adianta explicar que sua área é outra. “C” e “D” acham um absurdo que ele não saiba de cor e salteado os nomes dos mais de 5.000 municípios do país. “E” vai à loucura, quando ele admite não ter respostas para solucionar o trânsito de São Paulo nem para acabar com a corrupção no Brasil. E a coisa vai num crescer. Até que “X”, “Y” e “Z” lhe perguntam com a franqueza dos ignaros tocados pela uca: “Mas, que porra de jornalista é você? Onde comprou o diploma?”

Hora de mudar de boteco. Jornalista sofre. Ananias não foge à regra. (agosto/2013)


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

CONTRA A ÉTICA NA POLÍTICA


No país do jeitinho, todo mundo se diz indignado com a roubalheira – dos outros. Em especial com aquela praticada por políticos. Ninguém olha para o próprio rabo. Nosso pecado é sempre venial; o dos outros, capital. O que acaba nos dando o “direito” de transgredir. Afinal, se todo mundo faz coisa pior...

Somos tão cínicos que chegamos, anos atrás, a crucificar Gérson porque, numa propaganda de cigarros ordinários (Vila Rica, se a memória não me trai), ele dizia que o brasileiro gosta de levar vantagem em tudo. Como se fosse mentira. Se não levamos vantagem em tudo é porque há outros bem mais espertos que nós. Nosso sonho nada secreto é ser mais malandro que o vizinho. Um país de vivos, engolido pelos mais vivos. A malandragem é um ramo como outro qualquer: não tolera amadorismo.

Por aqui, achamos normal subornar o guarda; fazer um “gato” para ter acesso aos canais pagos “de grátis”; sonegar impostos, porque, afinal, o governo nada faz, além de roubar; dar caixinha para o garçom da festa de aniversário, a fim de comer mais croquetes e tomar mais cerveja que os outros convidados; fingir que o valor do troco extra – e indevido – que nos dão na padaria está certinho da silva; colocar no bolso, “sem querer”, o isqueiro importado do colega de bar, ou de copo, de sina e de cruz, como diria Chico Buarque. . 

Todas as categorias profissionais têm seus códigos de ética. E daí? Qual sua serventia? A ética do jornalista, por exemplo, difere em quê da ética do advogado? Uns têm mais direitos que os outros? O que um político não pode fazer e eu posso? Por que ética na política? Fora dela não precisa?

A regra é simples e já nos foi dada há séculos: é não fazer ao outro o que não queremos que o outro nos faça. (março de 2013)


KARL OU GROUCHO: QUEM FEZ SUA CABEÇA?



GROUCHO MARX
Desde há muito, era uma das principais raposas da Câmara Municipal de São Paulo. Sempre vestido impecavelmente, dotado de alguma cultura, bom orador e ligeiro como lebre, cultivava uma vaidade ímpar. Orgulhava-se de sua arrogância. Jamais perdia a piada, embora as suas fossem muitas vezes de mau gosto. A daquela tarde de 1986, 1987, não foi.

Ele estava na bancada da imprensa conversando com os repórteres, quando se aproximou timidamente um vereador do PT – rapaz de barba rala, paletó puído, simplório de carteirinha. Lembrava fisionomicamente aquele mendigo que Moacir Franco interpretava nos programas de tevê. Era, na verdade, suplente de vereador no exercício do cargo. Tentando se enturmar, o petista disparou com indisfarçável orgulho:

-- Sou marxista.

Ante o silêncio geral, fez questão de reafirmar sua opção ideológica:

-- Sou marxista mesmo, da gema.

-- Não me diga, interveio o esnobe. Mas que linha você segue – a de Karl Marx ou a de Groucho Marx?


O simplório esboçou um sorriso amarelo e se foi. Sem nada dizer. (março/2013)

KARL MARX

DE GAULLE NÃO ATIROU. MAS ACERTOU NA MOSCA


Durante muito tempo, atribuiu-se a Charles De Gaulle uma frase impactante: “O Brasil não é um país sério”. Depois, passaram a divulgar outra versão – a de que o estadista francês jamais, em tempo algum, havia dito aquilo. O autor da frase seria um diplomata brasileiro, embaixador do país na França, entre 1956 e 1964.   

Se ele disse ou não disse aquilo, eu não sei. Não tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente para dar vazão ao meu instinto de repórter investigativo e lhe perguntar sem rodeios, na lata: “Afinal, Vossa Excelência disse ou não disse que o Brasil não é um país sério? Fale de uma vez, homem de Deus”. Seja como for, estou convencido de que, se ele não disse, perdeu oportunidade de dizer a coisa certa.

Como pode ser levado a sério um país cuja principal mandatária, não contente em ter um vice, também conta com os maus conselhos de seu presidente adjunto?

Como pode ser levado a sério um país que tem 39 ministérios – um feito memorável, digno de poucas potências mundiais, como o Gabão –, mas cuja chefa do Executivo deve ignorar o nome da imensa maioria dos ministros, já que só despacha com meia dúzia deles? Os demais, pelo visto, não lhe têm serventia, mas recebem salários, têm assessores e comem e bebem e viajam. Às nossas custas.

Como pode ser levado a sério um país em que ministros demitidos por corrupção – e sem que tenham recebido qualquer atestado, mesmo que fajuto, de inocência – nomeiem prepostos para os cargos que ocuparam?

Como pode ser levado a sério um país que tem uma das mais altas cargas tributárias do mundo e oferece à sociedade serviços públicos de ruindade incontestável?

Como levar a sério um povo que, vivendo num país desses, sob um desgoverno desses, alça a presidente da República ao pedestal de Rainha do Ibope, uma espécie de Xuxa da pior idade?

Alguém pode argumentar que, na época de Charles De Gaulle, os tempos eram outros etc. Eram. Mas isso não importa, até porque as coisas por aqui, em termos de seriedade, nunca foram muito sérias.   (abril de 2013)




UM QUÊ DE JÂNIO

Lula, como se sabe, já se comparou a Getúlio e a Juscelino. Tempos atrás, declarou-se um homem sem pecados, quase santo. Lula, no entanto, até onde sei, nunca admitiu seu lado Jânio Quadros. E ele o tem. Não me refiro aos arroubos verbais e à vermelhidão no rosto – marcas presentes em muitas de suas aparições públicas. Ignoro se Lula tem ou se Jânio teve problemas com o sol. Quanto ao linguajar, ambos sempre trataram de maltratar a “inculta e bela”. Jânio abusava do Português castiço; Lula adota o que se poderia chamar de Português mestiço.

Jânio fez enorme sucesso com seus bilhetinhos. Nunca o Diário Oficial - da União, Estado e Município - foi tão disputado nas redações como nos tempos em que ele ocupou os cargos de presidente da República, governador de Estado e prefeito. Lula, que já admitiu publicamente ser avesso à leitura, tem a prudência de não escrever bilhetes. O único deles que vazou para a imprensa, durante uma cerimônia da qual ele participava, era de uma ruindade raramente vista. O “estilo” de quem não lê nada é sofrível. Não há escapatória.

Vamos ao que importa: Lula e Jânio nunca nutriram grande respeito pelo Legislativo.

Prefeito de São Paulo pela segunda vez (1986/1988), Jânio governava na base do decurso de prazo - uma estrovenga herdada do período militar, que lhe permitia aprovar toda e qualquer matéria de seu interesse sem o aval da Câmara de Vereadores. Para tanto, bastava que os seus aliados saíssem do plenário, por dez sessões consecutivas. Assim, as sessões eram derrubadas por falta de quórum. E o que faziam os aliados de Jânio? Faziam exatamente o que o chefe lhes ordenava - desde que, em troca, ganhassem alguns “mimos”.

No exercício do segundo mandato, Lula continua fazendo o que fazia no primeiro: edita uma medida provisória atrás da outra, trava a pauta do Congresso e impede que outras matérias sejam discutidas e votadas. Quando lhe interessa, baixa uma medida provisória para revogar outra. O que deixa claro que, na esmagadora maioria dos casos, as medidas provisórias não se revestem de qualquer urgência e relevância. E o que fazem os aliados de Lula? Fazem o que o chefe lhes ordena – desde que, em troca, ganhem alguns “mimos”.

Os tempos mudaram. Washington Luís acreditava que governar era abrir estradas. Coisa que Lula não faz, embora conte com um imposto específico para este fim - a tal da CIDE. Lula gosta é de remendar estradas, em tempo de chuva brava e sem licitações. Mas essa é outra história, igualmente cabeluda. O fato é que, de uns tempos para cá, parece ser impossível “governar” sem distribuir “mimos”.

Bons tempos aqueles em que os governantes cuidavam ao menos das estradas, e senadores, deputados e vereadores não se preocupavam tanto com os “mimos”. Que a minoria também pague pela maioria “mimada” são os ossos do ofício.





MULHER DE VISÃO

Em termos de quantidade de ministérios, o Brasil há muito deixou de ser o “país do futuro”. É uma potência, e isso ninguém pode negar. Nem mesmo os mal intencionados de sempre, os que torcem contra, como sempre adverte nossa presidente. É certo que o Congo, com suas 40 pastas, lidera o ranking da insensatez.  Paquistão, Camarões, Gabão e Senegal, todos com 36 ministérios, também nos ameaçam. Mas, se preciso for, tenho certeza disso, a presidente criará logo dois ministérios, o Brasil passará a ter 41 e não se falará mais nisso.


Também em termos de políticas sociais não devemos nada a ninguém. A miséria foi extirpada por decreto. Se a fome não é zero para todos, é porque há muita gente gorda e fazendo dietas da moda. Está certo. Para gordo, não se deve dar moleza, que ele liquida o que há estocado na geladeira e despensa, sem pensar no próximo. Em termos de direitos humanos vamos muito bem, obrigado. Não só temos um ministério homônimo, como também dispomos de secretaria especial, com status de ministério, para cuidar da Igualdade Racial. E eu que pensei que só o primeiro poderia dar conta do recado. Ainda bem que nossa presidente enxerga longe, tem olhos de lince. (abril de 2013)


VÁ PRA LÁ, COMPANHEIRO!

Todo militante profissional é um chato incurável. E por duas razões, ao menos:

1ª – Não admite que ninguém tenha opinião diferente da sua, que, a bem da verdade, nem sua é. É de quem garante sua sobrevivência, em geral com dinheiro público.


2ª – Quer que os outros estejam permanentemente mobilizados contra isso ou a favor daquilo por amor à causa. Justamente o que ele não se digna a fazer. É uma mala, mas não é tolo. Sem uma verbinha, não vai à luta.

COM TOMATES NÃO SE BRINCA

Que fique absolutamente claro: jamais, em tempo algum, fui cidadão de provocar frisson. Não reclamo da sorte. Se não conheci a delícia dos aplausos, também não experimentei o fel das vaias, muito embora sempre estivesse mais próximo dessas que daqueles.

Minha testa nunca foi alvo de ovos ou tomates. E me orgulho desse fato. Se alguns passaram por perto, foi por engano. Às vezes, a gente anda com más companhias sem saber. Nem por isso ignoro a “força” do tomate. Relatos pungentes de vítimas me fazem acreditar nos efeitos devastadores de uma tomatada, quer do ponto de vista físico, quer sob a ótica tortuosa da psicologia. Depois de uma tomatada, ninguém consegue mais ser o que era.

O que eu nunca imaginara é que a força do tomate fosse muito, infinitamente, maior que a por mim idealizada. Quem poderia supor que, unidos, tomates jamais serão vencidos? Que podem abalar os alicerces da sexta ou sétima economia do mundo? Ninguém. Ninguém.

O alerta foi dado pelo nosso ex-presidente, o verdadeiro e único descobridor dos sete mares. “Dilma não deixará que o tomate venha a quebrar a força da economia”, disse ele, em Minas Gerais, com aquela segurança típica dos estadistas. Ufa. Ainda bem que, junto com o susto, veio a palavra tranquilizadora. Os tomates são fortes, mas com Dilma nem eles podem.  (abril de 2013)


SERÁ QUE ELA BEBE?

Todo governante, uns mais, outros menos, é meio paranoico. Sofre de mania de perseguição. Entre nós, o mais doidão de todos, salvo engano, foi Jânio Quadros. Dizia-se pressionado por forças “ocultas”, que depois entraram para a história oficiosa como “terríveis”. Não precisa ser especialista em nada para desconfiar que, por trás de umas e de outras forças, estava ela: a maldita da uca, a lhe entortar o raciocínio e os passos.

Ainda agorinha, tivemos um presidente que jamais perdia a oportunidade de denunciar um suposto complô das elites e da imprensa para apeá-lo do cargo. Tudo por conta de uma única e definitiva razão: a imprensa e as elites não suportam ver um operário no comando do país e ainda mais ensinando aos bacanas do Primeiro Mundo como se governa tão bem. Até porque, segundo o próprio, nunca antes na história desse país etc. e tal. Há quem desconfie de que sua semelhança com JQ vai além do carisma, do jeitão histriônico de ambos. Quem o conhece de perto diz ser incondicional seu amor pelos produtos da terra, especialmente quando eles vêm na forma de destilados.

Nossa presidente anda com os nervos um tanto arruinados. Não perde a oportunidade para meter a pua nos “pessimistas profissionais” que torcem para que a inflação volte com tudo e prejudique sua reeleição. Para ela, os preços do tomate, dos ovos e de outras coisinhas mais são pontos fora da curva, nada mais que isso. Tudo nos trinques. E não se fala mais nisso. A pergunta que não se cala é outra.(junho de 2013)



TODO MUNDO FICAVA DODÓI

1986. Vereadores paulistanos pediam – e obtinham! – licença “por motivos de saúde” com uma facilidade impressionante. Em seus lugares, assumiam os suplentes, ávidos por apresentar projetos e discursos inócuos. Os titulares continuavam ganhando normalmente seus salários. Os suplentes também, muito embora alguns tivessem que dividir a grana com os primeiros. A conta, evidentemente, era paga por todos nós. Em julho, em pleno recesso, muitos se licenciaram e foram assistir aos jogos da Copa do Mundo no México. Até então não se sabia que o sol escaldante de Guadalajara e as emoções que uma competição dessas provoca faziam tão bem à saúde. Não há reforma política que dê jeito na falta de caráter. (julho/2013)


SANTA INOCÊNCIA, A MINHA

Anos atrás, um vereador paulistano apresentou projeto de lei que obrigava supermercados de médio e grande porte a oferecer seguro aos proprietários de carros que neles estacionavam. A medida me pareceu correta. Meses depois, o próprio autor retirou o projeto, antes que ele fosse votado em plenário. Estranhei. Mas seu assessor de imprensa, com quem mantinha relações cordiais, me deu a explicação:


-- É que o vereador foi “incentivado” pelas seguradoras a apresentar o projeto. Mais tarde, ele recebeu agrado ainda maior dos representantes dos supermercados. Ganhou dos dois lados. (julho/2013)

OUVIDO NÃO É PENICO

A falência do sistema educacional brasileiro chegou ao Parlamento – há tempos, registre-se. É raro encontrar um orador que fale coisa com coisa, mais raro ainda encontrar quem fale coisa com coisa e saiba se expressar de forma a atrair as atenções do distinto público e dos próprios pares. Se a presidente fosse parlamentar, não degeneraria. Estaria entre os seus. Melhor mandar os discursos por escrito.  


TUCANO DE NASCENÇA. PODE?

1991, domingo. O Tribunal de Contas do Município acabara de rejeitar as contas de Erundina, prefeita de São Paulo. Mais tocado que mosca varejeira, Lula, sempre ele, subiu no palanque e fez seu repto:

-- Quero ver se esses vereadores vagabundos vão ter coragem de aprovar uma coisa dessas!

À Mesa Diretora da Câmara, claro, não restava alternativa: tinha que porque tinha que emitir uma nota dura contra a falação de Lula.

No dia seguinte, o presidente chamou o assessor de imprensa às pressas:

-- Faça uma nota na seguinte linha etc. e tal. Com rapidez. Os vereadores estão com pressa e todos precisam assinar.

Cinco minutos depois, suado até não mais poder, o assessor retornou à sala, entregou a nota ao presidente, que a leu em voz alta. Foi aprovada. O único que votou contra foi um vereador conhecido pelo gênio medonho e a valentia de quem, em parceria com o irmão, assombrava o futebol de várzea.

Foi voto vencido.

Texto escrito em papel timbrado, assinado, o velho vereador, um dos mais antigos, chamou o pobre assessor, ainda em bicas:

-- Parabéns. Seu texto estava uma beleza. Quase um poema. Só faltaram as rimas. Está tão bonito que a gente assina, sem saber se a favor ou contra. Você nasceu tucano. (julho/2013)


TRABALHADORES NOTURNOS?

Quando queria “melar” as sessões na Câmara Municipal de São Paulo, um dos vereadores mais tarimbados e provocadores da Casa, Brasil Vita, ia até o microfone de apartes, pedia a palavra ao presidente, voltava-se para as galerias, escolhia suas vítimas e começava a ladainha:

-- Senhor presidente, aquele cidadão ali, de camisa azul, não perde um protesto. Está sempre por aqui, carregando cartazes contra isso e aquilo. Ele e outros tantos. Não faltam a uma manifestação. Pelo visto, são todos trabalhadores noturnos. Agora, são 15h30. De que vivem?

Vaias e xingamentos nas galerias, moedas atiradas pelos manifestantes no plenário, algazarra geral, sessão suspensa. Objetivo alcançado.  (julho/2013)


CAPACHOS

Para certas visitas, eles deveriam ter dupla face.

Na entrada: “SEJAM BREVES”.

Na saída: “NÃO TENHAM PRESSA DE VOLTAR”.

Mau negócio: todo mundo pensa, ninguém compra.


A ÉTICA DO CRUZ-CREDO (CENA X)

-- Quer saber? Eu não estou nem aí se o cara é legal ou não é, se o cara tem a ficha limpa ou não tem. Quero saber quanto vou levar para votar nele?

-- Caracas, você, então, vende o voto?

-- Claro, meu irmão. O que importa é dinheiro no bolso. Eu lá quero saber de discurso! Está doido? Discurso não enche barriga. (maio/2013)


A ÉTICA DO CRUZ-CREDO (CENA IX)

-- Se você estivesse lá, no Congresso ou na Assembleia, com a caneta na mão, mandando e desmandando, não ia pedir para empresários ajudarem seu filho? Você ia deixar sua filha na mão, um sobrinho aos Deus dará? Que pai você é? Que tio você é? Faz favor. Eu arrumava a vida da família toda, todinha. Isso aqui não tem jeito. Quem pode tem mais é que aproveitar. O que não pode é roubar muito. Aí, não. Vai mais um chope? (maio/2013)


A ÉTICA DO CRUZ-CREDO (CENA VII)

-- Aí, já é demais, mano velho. Os caras perderam a noção, não valem nada, não valem o que comem. São uns lixos. Roubar dinheiro da Saúde?

-- É verdade, cara, é verdade. Que desviem dinheiro de outras áreas. Dos Transportes, sei lá. Da Pesca, dos Esportes, da Cultura. Mas, da Saúde? Da Saúde não dá, não é, não?


-- Tá certo. (maio/2013) 

A ÉTICA DO CRUZ CREDO (CENA VI)

-- Não leva o carro na oficina durante a semana, não. Você vai pagar muito mais caro. Deixa que eu pego ele na sua casa no domingo, conserto e entrego o danado a domicílio.

-- E se o dono da oficina aparecer por lá? Ele me conhece há muitos anos... Vai pegar mal.

-- Endoidou? No sábado, ele já se manda com a família. Tá montado na grana. Preciso garantir o meu.

-- Fechado. (julho/2013)


A ÉTICA DO CRUZ-CREDO (CENA V)

-- Meu querido: encoste seu carro na última bomba, por favor.

-- Esta enguiçou?

-- Não, não. É que, pra gente como você, especial, só vendo gasolina top. Morou?

-- Valeu. É por isso que só abasteço aqui.


-- Volte sempre. (julho/2013)

A ÉTICA DO CRUZ CREDO (CENA IV)

-- Sucupira, esses salgadinhos são todos de ontem?

-- São. Sobraram. A mulher fritou mais do que devia.

-- Que preju, mano. Agora, vai tudo para o lixo?

-- Tá maluco? Vou fritar de novo. Eles ficam parecendo novinho em folha. Hehehe.

-- Você frita de novo?

-- Claro. Mas só vendo pra quem não é freguês de todo dia. Pra vocês, frito na hora.

-- Você é um cara de responsa. Assim que se faz, Sucupira. Não dá pra confundir freguês com paraquedista. (julho/2013)



A ÉTICA DO CRUZ-CREDO (CENA III)

No fundo, todos ali sabiam da inutilidade de pedir aumento salarial para os donos da revista. Pra variar, o país ia mal das pernas – e o setor editorial, pra não variar, pior ainda. Foi quando o ultraesquerdista – era assim que ele se autodefinia –, sem encarar X, pediu a palavra:

-- Se não dá pra obter aumento, acho justo que X tenha o salário reduzido. Afinal de contas, ele fica menos tempo na redação do que nós.

Inútil argumentar que X não fora contratado por hora, mas para produzir tanto quanto os demais. Não tinha era tempo de passar a maior parte do dia jogando conversa fora, como a maioria. Inútil exibir levantamento mostrando que, naquele determinado período, X produzira mais que todos. Este último argumento, aliás, só piorava as coisas.

Para o “justo”, tal fato comprovava que X era um dos grandes sabotadores da ascensão da classe operária ao paraíso. Muito embora ali ninguém fosse operário. (agosto/2013) 


A ÉTICA DO CRUZ-CREDO (CENA II)

O Parlamento estava prestes a votar uma lei de grande impacto econômico-financeiro. Os “nobres” andavam assanhadíssimos, ante a possibilidade de auferir, digamos assim, ganho$ expressivo$ para aprovar a matéria. O zum-zum-zum era grande.

-- Veja só: ia votar a favor do projeto, porque o considero importante. Mas ia votar de graça. Aí, descubro que há vários parlamentares levando grana. Agora, também quero minha parte. Estou errado? – quis saber Sua Excelência do assessor.

-- Por que você não denuncia o esquema?

-- Ficou louco? Eu me queimo na Casa e fico sem o dinheiro. (agosto/2013)


A ÉTICA DO CRUZ-CREDO (CENA I)

-- Cara, vamos embora pra Brasília. Você é um baita profissional, vai estourar por lá. Sei do trabalho que você fez cobrindo a Câmara Municipal. Os vereadores viviam se perguntando: “O que será que ele vai aprontar agora”? Você é sério, trabalhador, baita repórter, não tem o rabo preso com ninguém. Vai estourar também na cobertura do Congresso.

-- Não dá, não dá, não. O salário é baixo, igual o daqui. Lá, vou ter que pagar aluguel, é tudo mais caro. Por aqui, ainda faço uns textos extras, pra complementar a renda. 

-- Bobagem. Em pouco tempo, lhe arrumam uma sinecura no Congresso. Ou num ministério.

-- Ora, você acabou de dizer que fiz um bom trabalho como repórter porque nunca tive rabo preso com ninguém... Não dá pra ser repórter de política e assessor de político ao mesmo tempo.

-- É uma pena. Mas é você quem sabe. Está jogando fora baita oportunidade, de se projetar e ganhar muito dinheiro. Não dá pra ser Caxias em tempo integral. A gente precisa pensar no futuro.  (agosto/2013)


segunda-feira, 2 de setembro de 2013

EXCELÊNCIAS

Sua Excelência resolve interromper o líder do governo, que enaltecia o chefe do Executivo.

- Vossa Excelência me daria um aparte? Serei breve.

- Concedo-lhe o aparte com todo prazer. Tem Vossa Excelência a palavra.

- Quando é que nós, do baixo clero, vamos receber nossa parte? Obrigado pelo aparte.


domingo, 1 de setembro de 2013

A MULHER DE CÉSAR CAIU NA VIDA

À mulher de César, como se sabe, não bastava ser honesta. A coitada tinha que convencer os outros de sua probidade. Ou seja: tinha que parecer honesta também. A propósito, “parecer” costuma ter mais valor que “ser”. Mas esta é outra conversa.

Muita gente importante nunca deu bola alguma para essa coisa de ser correto. Mas, de olho nos votos e na lei, jamais descuidou da boa imagem. É por essa razão que, de tempos em tempos, nos chocamos quando um gaiato famoso é pego em flagrante: “Nossa, ele parecia tão honesto, era tão implacável com os corruptos.” Demóstenes Torres está aí, para confirmar o descompasso entre o “ser” e o “parecer”.

Mas, como vivemos sob o império da desfaçatez, há muita gente que já não faz nenhuma questão de esconder seus reais interesses. O sujeito faz cara de safado, fala como safado e age como safado. Ora, um sujeito assim só pode ser safado. Que vantagem alguém leva em se apresentar como pilantra sem que seja pilantra? A não ser que queira impressionar seus parceiros de cela, uma coisa dessas não faz sentido.

Esta gente age como uma hipotética mulher de César, que caiu na vida e faz propaganda de seu desvio. Mas só trata do preço dos prazeres que proporciona entre quatro paredes.  (2012)


QUAL SEU NOME MESMO, MINISTRO?

Acaba de ser criado um novo ministério. A desculpa oficial é de que ele é uma promessa de campanha da Dama de Barro, desde sempre muito preocupada com o futuro das pequenas e médias empresas, embora viva cercada por gente que abomina os pequenos negócios, mas não descuida dos grandes.

Entre ministérios e secretarias com status de ministérios, o governo conta com 39 pastas. Em 2010, durante a campanha eleitoral, ficamos sabendo pela internet que a atual ocupante do Palácio do Planalto tinha dificuldades para lembrar o título do livro que, segundo ela, acabara de ler na noite anterior.  


Se não guarda o título de um livro, como vai lembrar os nomes dos 39 ministros? (março/2013)
RISCO ZERO


Praticamente inexiste a possibilidade de o Parlamento – em todos os níveis: federal, estadual e municipal – rejeitar qualquer projeto que aumente os gastos públicos. Nessa vida Severina para tantos cidadãos, nada mais fácil para poucos que torrar o dinheiro dos contribuintes. 

MALDITAS BICOTAS

Esquerdistas, em geral, têm ojeriza à liberdade e ao mérito individuais.

Preferem ser beneméritos com recursos que não lhes pertencem. Beijar com a boca dos outros é seu esporte predileto. (março de 2013)


BRASIL BOBALHÃO

Não sei vocês, mas eu não tenho mais nenhuma paciência para acompanhar a divulgação de índices internacionais sobre isso e aquilo, menos ainda para ouvir as explicações vagabundas dos governantes brasileiros tentando justificar o injustificável: nosso fracasso em diversas áreas, especialmente naquelas que dependem basicamente de ações governamentais.

Como pode uma das dez maiores potências econômicas do mundo ocupar o 85º lugar no IDH? Como se justifica o fato de o país, no quesito educação, ostentar resultados tão vergonhosos? Não adianta vir com conversa mole, do tipo “estamos melhorando”, aos poucos, enquanto os outros andam a passos céleres. Nós precisamos ter a coragem de nos comparar com os outros, com os países que deram ou estão dando certo.


Do contrário, seremos sempre uma criança com dois neurônios a se gabar do nada. (março de 2003)

VOCAÇÃO

Num particular o PT é imbatível: no governo, sempre piora o que não presta. (março/2013)


ROEDORES FAZEM A FESTA

Roberto Campos definiu, há tempos, Brasília como uma usina de déficits e um bazar de ilusões. Definição certeira. Tudo continuaria (mal) como antes, não fosse um agravante: saqueadores, travestidos de homens públicos, foram dando ao Distrito Federal o formato de um grande queijo parmesão. (março/2013)


TROMBADINHAS & TROMBADÕES

-- Aqueles sujeitos que a gente, nos anos 80, chamava de picaretas na Câmara Municipal de São Paulo e em outras casas legislativas do país eram, de fato, picaretas. Mas, perto do que temos hoje, não passavam de trombadinhas, punguistas.


A constatação é de um ex-vereador e ex-deputado federal, que sempre se destacou pela competência, dedicação ao trabalho e seriedade. (julho/2013)