segunda-feira, 30 de junho de 2014

BRUNO NEGROMONTE

A esmerada agressividade musical de Rhana Abreu
No caudaloso universo de roqueiros existentes no planeta, se chegarmos a contabilizar a quantidade de mulheres que se destacam no gênero, chegaremos, sem sombra de dúvidas, que o númeo de mulheres são infinitivamente menor que a de homens, e se pararmos para observar o rock tupiniquim a quantidade torna-se abruptamente mais ínfima, merecendo destaque pouquíssimos nomes, tais como Celly Campello, Rita Lee, Cássia Eller, Marina Lima e mais alguns que dispensam maiores apresentações.
Rita, uma das pioneiras do gênero, em 1966 juntamente comArnaldo Baptista e Sérgio Dias, surgiu a frente dosMutantes, grupo de relevância importância para o movimento que naquele período se instaurava dentro da música popular brasileira: o tropicalismo. Posteriormente com Lúcia Turnbull formou as Cilibrinas do Éden, e logo em seguida a banda Tutti Fruti com a adesão dos músicos Luis Sérgio Carlini e Lee Marcucci . Daí em diante veio a carreira solo e a exitosa parceria com o compositor, produtor, músico e marido Roberto de Carvalho, que vem desde 1976.
Cássia Eller é outro nome de destaque no gênero, uma artista que apesar da curta carreira interrompida por uma prematura e inesperada morte, também destacou-se como um dos grandes nomes femininos do rock nacional. Seus primeiros registros fonográficos mostram uma roqueira visceral em álbuns como "Cássia Eller" (1990) e "O marginal" (1992). Já no palco, cada apresentação sua era de singular. De marcante presença no palco, Eller assumia inclusive a sua preferência por gravações ao vivo em excelentes espetáculos tais quais "Cássia Eller - Ao vivo" (1996), "Veneno vivo" (1998), "Acústico MTV" (2001) e "Rock in Rio: Cássia Eller Ao Vivo" (disco póstumo lançado em 2006). 
A lembrança desses dois ícones do rock nacional se deu para contextualizar o trabalho de uma artista que vem procurando o seu lugar ao sol nesse gênero predominantemente masculino mas que destaca nomes femininos que merecem destaque desde a década de 50 perpassando pelos ícones anteriormente citados até os dias atuais, com nomes como o da baiana Pitty, artista que vem se destacando no cenário nacional desde o lançamento em 2003 do seu primeiro álbum: "Admirável Chip Novo".
É nesse contexto caudaloso, porém predominantemente masculino, que Rhana Abreu vem procurando alcançar o seu lugar ao sol a mais de uma década, quando lançou o seu primeiro trabalho. Sua carreira fonográfica teve início em 1999 com o single intitulado "Jogo duplo", composto por faixas que já demostram a veia roqueira da artista em regravações carregadas de autenticidade como as das versões para "Down em mim" (Cazuza), "Quero voltar para Bahia" (Odibar - Paulo Diniz) e "Fala" (João Ricardo - Luhli), regravada em 1999 por Ritchie em seu cd e dvd "Outra Vez (ao vivo no estúdio)". No ano seguinte é lançado o seu primeiro cd composto por todas as 7 faixas existentes do single mais 6 faixas, dentre elas uma versão da canção "Minha flor, meu bebê" (Cazuza - Dé) lançada em 1987 no álbum "Ideologia". A boa receptividade do trabalho deu margem para que em 2001 fosse lançado mais um registro fonográfico de Rhana: "Cidadã civilizada", disco que conta com 10 faixas e de cunho bastante pessoal.
De 2001 até 2009 houve um hiato na carreira fonográfica de Rhana, porém a artista não abandonou a música e dedicou-se neste período, dentre outras coisas, ao seu lado autora que veio aflorar em "JoRhana D'arc", álbum que traz duas parcerias da cantora com o produtor, guitarrista e diretor geral do disco Gustavo Fernandes. A música de trabalho deste disco "Onde estão os homens?" a levou ao Programa do Jô.
Atualmente vem na divulgação do seu mais recente trabalho intitulado "Episódio", trabalho que conta com uma quantidade maior de composições de sua autoria, totalizando cinco canções e somando novas parcerias com Rodrigo Pelot, Eduardo Chermont, Esdras Bedai, Eduardo Pitta, além é claro do parceiro Gustavo Fernandes nas faixas "Uau!", "Gosto do novo", "Afrodite"e "Episódio" (canção que dá nome a mais um título na discografia da artista). O disco conta ainda com "Pensando em você", de autoria do guitarrista Rodrigo Pelot e "Vamos voar para a lua", de Esdras Bedai e Eduardo Pitta. Além de regravações como "Exagerado" (canção da lavra do cantor e compositor Cazuza, que deu título ao seu primeiro álbum solo), "Por Enquanto" (Renato Russo) e "Me diga" (Nando Reis). Somando forças a esses compositores e instrumentistas ainda estão presentes também no disco estão Fabiano Matos (bateria), Octávio Soares (Baixo), Daniel Gonzaga (órgão), Fred Nascimento (violões).
A artista, que de Ana Lúcia adotou como nome artístico Rhana por influência do paranormal Thomaz Green Morton e por questões numerológicas, vem de modo autêntico, fazendo a sua história no cenário musical brasileiro. "Episódio" é a prova disto, mesmo pecando na ausência do um vigor maior nas releituras das duas canções presentes no repertório da Cássia Eller, como muitos saudosistas irão analogamente observar.
Para o conhecimento dos amigos fubânicos segue duas canções que pode vir a ser do conhecimento de muitos. A primeira trata-se da canção "Luz dos Olhos", composta pelo cantor e compositor paulista Nando Reis e que teve como maior intérprete a saudosa Cássia Eller:
A segunda faixa é um clássico do cancioneiro brasileiro que foi escrito por Rita Lee. Trata-se de "Ovelha Negra":

PROFISSÃO: REPÓRTER – CASOS E PERIPÉCIAS

O GOVERNADOR MONTORO E A MEMÓRIA

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(Por Joaquim Macedo Júnior) O aeroporto internacional de São Paulo (Guarulhos) foi inaugurado oficialmente em 20 de janeiro de 1985. Até a entrega, abertura de suas primeiras alas de Cumbica, houve, como é de hábito, a visita de autoridades por dezenas de vezes as obras de construção.

Numa delas, cerca de duas dezenas de jornalistas para mais uma visita de inspeção ao aeroporto. Desta vez no meio – na parte central – da atual pista principal. Importante informar que nosso governador Franco Montoro, embora com idade ainda pelos 70, 70 e poucos anos, por um tempo começou a sofrer de lapsos de memória, o que muitas vezes causava risos dos convivas.

Neste encontro, duas comitivas: uma acompanhando o ministro da Aeronáutica, Délio Jardim de Mattos; a outra, seguindo o governador. Cada uma saindo de uma das extremidades da pista – formaram dois pelotões, que se encontrariam no meio da pista.

Nosso governador alegre, com sua fala eloqüente e demonstrando a autoridade de um executivo eleito pelo voto direto (ainda na ditadura), abriu efusivamente os braços e cumprimentou com firmeza o brigadeiro: “Como vai meu querido Délio Jardim do Nascimento, grande ministro da Aviação”.

Não sei se é necessário dizer que ‘explodiu’ uma gargalhada abafada e contida entre os participantes das duas delegações, a começar pelo brigadeiro.
Depois, Montoro, melhorou, mas passou uma fase de seu mandato trocando nomes, siglas e outras informações.

Embora insistam em chamar nosso grande aeroporto de Cumbica (nuvem baixa), ou de Guarulhos, município da Grande São Paulo que o abriga, o governador não ficou de hora. Desde 2001, o maior aeroporto do país tem o nome de André Franco Montoro, que vez por outra nos fazia rir.

Grande Montoro.




sábado, 28 de junho de 2014

IMAGENS: CLÓVIS CAMPÊLO


VISÕES DE OLINDA
Olinda, junho 2014
Fotografias de Clóvis Campêlo



















NÚBIA NONATO

RELICÁRIO

Núbia Nonato
Núbia Nonato


Devoto-te um beijo prolongado
cheio de promessas.
Despeço-me de ti abraçando-te
como um náufrago.
És um relicário onde deposito
em frêmitos os suspiros
de meus ais.







sexta-feira, 27 de junho de 2014

DALINHA

SANTO ANTÔNIO VACILOU

Dalinha


Espalham que santo Antônio
É Santo casamenteiro
Já fiz promessa pro Santo
No cofre botei dinheiro
E para minha desgraça
Em mim ninguém acha graça
Tá difícil um companheiro.


Dos braços de Santo Antônio
Eu já roubei o menino
Achando que a simpatia
Mudaria meu destino
Porém prossigo solteira
Não gosto da brincadeira
Que me deixa em desatino.

Botei água numa jarra
E mais uma vez tentei
De cabeça para baixo
O santinho mergulhei


Nem mesmo fazendo assim
O santo lembrou de mim
Desesperada chorei.

Solteirona eu não fico
Alguém vai me socorrer
Ao candomblé ou umbanda
Inda posso recorrer
Ou então eu viro crente
E o santo fique ciente

Solteira não vou morrer!



(Texto de Dalinha Catunda)

quinta-feira, 26 de junho de 2014

IMAGENS: CLÓVIS CAMPÊLO

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OS TELHADOS DO MERCADO
Mercado da Madalena
Recife, junho 2014
Fotografias de Clóvis Campêlo

NÚBIA NONATO

MAPA

Núbia Nonato
Núbia Nonato


No teu rosto desenhado
por sulcos, estradas nítidas
interrompidas aqui e ali por
tufos de pelos brancos, que
brotam em profusão.

No teu peito, agora cansado,
assisto a vilania do tempo  que
rouba teu viço dia a dia.

Em tuas mãos calejadas pelo
duro ofício, pequenas manchas
pintam   tua pele   sem
constrangimentos.

Nos teus dedos...tens impresso 
o  mapa do meu corpo, onde
um baú enclausurado guarda
os suspiros de teu gozo.





terça-feira, 24 de junho de 2014

IMAGENS: CLÓVIS CAMPÊLO

FILTROS
Recife, 1991
Fotografias de Clóvis Campêlo



 

NÚBIA NONATO

SEGUE

Núbia Nonato
Núbia Nonato


Desobrigo-te!
Liberto-te!
Desfaço-te!
Enterro teu beijo
morno, teu sexo
mecanizado.
Apago teus ais
sem exclamações,
teu amor sem reticências.
Quero mais.
De ti ficam apenas lembranças
opacas, sem aromas,
sem ardor.
Refaça teu caminho
sem olhar para trás
enquanto me perco
nas curvas desta estrada
sem volta.


sábado, 21 de junho de 2014

IMAGENS: CLÓVIS CAMPÊLO

NO MORRO DA CONCEIÇÃO
Recife, dez/2013
Fotografia de Clóvis Campêlo



 



BARCOS NA BACIA DO PINA
Recife, 2009
Fotografia de Clóvis Campêlo


NÚBIA NONATO

JARDIM

Núbia Nonato
Núbia Nonato

Gosto de azaleias e dos manacás.
Gosto de lírios, lantanas assanhadas,
girassóis causticantes e as pomposas
hortênsias com seus cachos furta-cor.
Gosto das mimosas, das rosas cor
de carmim.
Disso tudo pouco plantei, apenas

pedi um jardim.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

BRUNO NEGROMONTE

FERNANDA CUNHA PERPETUA EM DISCO MATIZES DO SELETO CARTÃO-POSTAL MUSICAL QUE APRESENTA MUNDO A FORA

Fernanda Cunha, cidadã do mundo, mostra-nos, sem abrir concessões, que a sua essência ainda se faz valer em suas mais genuínas influências.
Não é de hoje que a música brasileira se tornou um dos mais bem sucedidos produtos de exportação do nosso país. Desde a inserção de Carmem Miranda no mercado de entretenimento norte-americano com o espetáculo musical "Streets of Paris" em 1939, perpassando pelos 13 filmes onde a "pequena notável" atuou, sem esquecer também do clássico espetáculo Carnegie Hall em 1962 com a propagação de um gênero que posteriormente viria a se firmar como um dos ritmos brasileiro mais bem sucedidos no mundo: a bossa nova. 
Desde que o mundo ajoelhou-se diante do talento do nosso "maestro soberano" (como certa vez Chico Buarque definiu Tom Jobim) e suas complexas e inovadas harmonias que a música brasileira caiu de modo definitivo no gosto popular ao redor do mundo, sendo reconhecida como uma das mais inovadoras e ricas dentre as existentes. Nomes como Airto MoreiraFlora PurimIvan Lins entre tantos outros hoje colhem o fruto desse reconhecimento (e em alguns casos com uma carreira até mais bem sucedida no exterior do que aqui mesmo no Brasil).
Fernanda Cunha insere-se perfeitamente neste contexto e não foge à regra. Com mais de 15 anos de estrada e uma carreira cada vez mais sedimentada no exterior, Fernanda vem galgando seu espaço de modo bastante relevante longe das grandes gravadoras no mercado internacional. Isso talvez venha a justificar o apropriado título que a artista deu ao seu quinto álbum: Coração do Brasil. O disco, que conta com dez faixas e um repertório meticulosamente bem escolhido (característica já inerente à artista desde o primeiro trabalho "O tempo e o lugar", lançado em 2002). Neste intervalo de doze anos a artista já trouxe ao grande público uma justa homenagem a dois grandes baluartes da MPB com o álbum "Dois Corações", que trás uma viagem musical à Johnny Alf e Suely Costa; revisitou as parcerias de Tom Jobim e Chico Buarque em "Zínzaro" e, em parceria com músicos canadenses e brasileiros, trouxe-nos o álbum "Brasil - Canadá", onde a cantora apresenta-se também como autora de duas faixas.
Neste novo projeto cujo título é "Coração do Brasil" a artista conta mais uma vez com a presença da dupla Haroldo Barbosa e Geraldo Jacques com o tema "Adeus América", samba que, de certo modo, fundamenta o título do álbum e que retrata a saudade do torrão natal da artista quando esta encontra-se longe do nosso país levando a nossa cultura pelo mundo afora. Versos como: "Não posso mais, ai que saudade do Brasil... Ai que vontade que eu tenho de voltar..." atestam isso. Tom Jobim, recorrente artista nos álbuns da cantora, está presente cem duas parcerias com Aloysio de Oliveira: "Eu preciso de você" e "Dindi".
 A dupla Ivan Lins e Vitor Martins também marcam presença dez anos depois da primeira doze anos depois da primeira aparição na discografia da artista mineira com a clássica "Somos todos iguais esta noite", gravada originalmente em 1977 e posteriormente em 1984 no álbum "Juntos" por Ivan.
O Rio de Janeiro vêm em cores, versos e poesia por intermédio das composições de artistas como o "poeta da VilaNoel Rosa (que traz o samba "Não tem tradução", de 1933), Daniel Gonzaga, que assina a faixa "Samba pro João" (do álbum "Os passos na paralela", de 1998, do cantor e compositor carioca) e uma composição da lavra da própria cantora intitulada "Rio", composição de Fernanda com a pianista Camilla DiasOutra compositora que sempre marca presença nos álbuns de Fernanda Cunha é a carioca Suely Costa, tia da cantora, e que também participa do disco ao piano. Dessa vez ela presenteia a sobrinha com a inédita "Perdido de Encantamento" (em parceria com Luiz Sergio Henriques). O disco ainda conta com mais dois nomes que figuram entre os compositores, são eles Marcio Hallack que assina (em parceria com o compositor Luiz Sergio Henriques) a faixa "Feito Andorinha" e Antonio Adolfo, que junto com o letrista Nelson Wellington assinam a canção que batiza o disco.
Assim se faz "Coração do Brasil", um disco com um repertório requintado baseado em muitos dos números apresentados pela artistas em suas apresentações no exterior, procurando manter-se coerente com a qualidade musical que caracteriza os álbuns que antecederam este novo projeto tais quais "Dois corações", "Zíncaro", "Brasil-Canadá" e principalmente "O tempo e o lugar", álbum que muito se assemelha a este recente trabalho devido a quantidade de compositores que figuram em ambos. "Alguns compositores do primeiro CD estão aí de novo, como se eu reafirmasse meu amor por eles: Sueli Costa, Ivan Lins, Haroldo Barbosa, Nelson Wellington e Márcio Hallack. Por outro lado, Coração do Brasil traz também compositores que estiveram na minha discografia e que estão sempre no meu repertório de shows, como Tom Jobim e Noel Rosa, além de um compositor da minha geração que tenho muita admiração, que é o Daniel Gonzaga. Então, é a Fernanda que eu sempre fui, fiel às minhas escolhas e aberta para o novo", define-se Fernanda Cunha.
Vale trazer ao conhecimento do grande público que a qualidade sonora do álbum é tecida por nomes como Cristóvão Bastos (piano), Zé Carlos (violão e guitarra), Jorjão Carvalho(baixo) e Jurim Moreira (bateria), Camilla Dias (piano) e Tom Szczesniak (acordeom) fazendo do disco uma grande confraternização, onde amigos e compositores se reencontram com a voz cristalina da artista novamente. Não é à toa que a artista vem galgando espaços cada vez mais significativos no exterior apresentando-se em diversos festivais musicais em torno do mundo, bebendo dessas fontes para somá-las as raízes tão arraigadas na artista mineira. "Eu encontro inspiração na beleza que é o Brasil, no jeito afetuoso que só o brasileiro tem, no amor da minha família, nos nossos compositores fantásticos, nos nossos músicos maravilhosos", fala a cantora e compositora, reconhecendo que suas andanças e contatos com artistas de várias lugares do mundo foi bastante importante para moldá-la do modo como hoje ela apresenta-se.
Fica aqui a título de conhecimento duas faixas deste distinto álbum dessa artista caracterizada por características ímpares. A primeira faixa um clássico do poeta da vila Noel Rosa sob o título de "Não tem tradução":

A segunda faixa trata-se da clássica "Adeus América", da lavra de da dupla Haroldo Barbosa e Geraldo Jacques. Gravada por nomes como João Gilberto, Jane Duboc, Rosa Passos, Os Cariocas e Wanderléa,  a canção ganha mais uma encorpada versão:

DALINHA


LOUCA E POETA

Eu sou cacimba de versos

Quanto mais tiro mais brota,

Faço meu verso perfeito

Mas também faço marmota

Nunca tiro o meu da reta

Pois de louca e de poeta

Também tenho minha cota.


Dalinha Catunda

quinta-feira, 19 de junho de 2014

CLÓVIS CAMPÊLO: TEXTO E IMAGEM

A LEI DA PALMADA



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Diz o dito popular que de boas intenções o inferno anda cheio. E se a voz do povo é a voz de Deus, Ele, o Todo Poderoso, mais do que ninguém, deve saber que isso é verdade verdadeira.

Além do mais, até que o ponto o Estado deve interferir na relação familiar e na educação dos filhos pelos pais? A chamada Lei da Palmada, que oficialmente se chamará Lei Menino Bernardo, em homenagem ao neto do senador Renan Calheiros, presidente do Congresso Brasileiro, que acompanhou a votação da lei no colo da apresentadora Xuxa Meneghel, foi aprovada pelo Senado.

Ninguém de bom senso vai concordar de que a violência física é uma boa educadora. Se assim o fosse, a Febem já teria formado verdadeiros cidadãos, em vez de aprofundar os seus internos no caminho do crime e da exclusão social. E, se entre o nosso aparato legislativo, já temos o Estatuto da Criança e do Adolescente, para que se criar uma lei ainda mais restrita e pontual?

Por si só, a lei já é polêmica. Torna-se ainda mais discutível por incluir no rol dos seus possíveis atingidos os médicos, professores e agentes públicos que tomarem conhecimentos das violências praticadas pelos pais contra os filhos e não as denunciar às autoridades competentes. Estes poderão ser punidos com multas que atingem até o valor de 20 salários mínimos (mais de 15 mil reais). Os pais contraventores, entre outras coisas, deverão ser encaminhados para programas especiais de proteção à família e a cursos de orientação, além de acompanhamento psicológico ou psiquiátrico. A eles, não caberá nenhuma punição pecuniária.

Se, como se dizia antigamente, a família é a célula mater da sociedade, a violência exercitada no seu interior reflete apenas a violência reinante no ambiente social em que vivemos. E para esse mal, já existe o remédio legal adequado, muito embora ele não atinja e não modifique as suas possíveis origens. Para se modificar a relação familiar, seria necessário modificar-se a relação social, educar o homem para vida comunitária e para o respeito ao seu semelhante. E isso, efetivamente, não combina com as pretensões individualistas atuais, que nos educa para a eficiência na esperteza e na ganância do trato com o outro.



Aonde todo esse aparato repressivo e de intervenção do Estado na relação social e familiar vai nos levar, eu não sei. Mas, com alguma certeza, não será ao equilíbrio e a uma condição de evolução humana.

Quanto mais dura e lei, maior a necessidade da burla e da criação de mecanismos enganatórios. Numa sociedade onde se reflita a satisfação das necessidades sociais e a satisfação das necessidades pessoais do cidadão, cada vez menos será necessária a intervenção regulatória estatal.

Por isso, como dizia aquele antigo comercial televisivo, dura lex sed lex, no cabelo só gumex!

Recife, junho 2014



--

O GATO DA SÉ
Alto da Sé, Olinda, junho 2014
Fotografia de Clóvis Campêlo




NÚBIA NONATO

RELICÁRIO

Núbia Nonato

Devoto-te um beijo prolongado
cheio de promessas.
Despeço-me de ti abraçando-te
como um náufrago.
És um relicário onde deposito
em frêmitos os suspiros
de meus ais.







quarta-feira, 18 de junho de 2014

IMAGENS: CLÓVIS CAMPÊLO

IGREJA DE NOSSA SENHORA DO CARMO
Olinda, junho 2014
Fotografia de Clóvis Campêlo


BARCOS NA BACIA DO PINA
Recife, 2009
Fotografia de Clóvis Campêlo



NÚBIA NONATO

SEMPRE MAINHA

Núbia Nonato

Mainha tinha olhos de ver além,
enxergava belezura nas meninas
de seus olhos.
Somente para seus olhos...
Mainha perdia tempo lendo
as poesias nas paredes
escritas com carvão.
_Essa vai ser artista!
_Já essa é do feitio de casar.
Deixa estar que, se depender,
que se puder, dou pitaco no
destino, rabo de arraia no
azar.
Filha minha não há de sofrer!
Filha minha há de brilhar.
Ô mainha...se eu pudesse
daria rabo de arraia era na
morte!
Ô! Saudade...nossa eterna
sorte.