quarta-feira, 10 de agosto de 2016

QUASE HISTÓRIAS

VAN GOGH

E O AMOR SAIU PELA JANELA (4)

- Pare com isso, Otávio. Você enlouqueceu?

- Acho que sim. O que não me impede de constatar o óbvio.

- Qual é o óbvio?

- Que eu sou um fracasso ambulante. Fracassei como marido, pai, filho, irmão. Fracassei profissionalmente, meu amigo. Quer mais?

- Quem lhe disse isso?

- Ninguém precisa verbalizar. Certas coisas são tão evidentes...

- Otávio: essa melancolia vai acabar com você. Você precisa de tratamento. Depressão é coisa séria. Também acho que você anda bebendo demais. Isso atrapalha um bocado.

- Minha mulher não fala outra coisa. Não há um mísero dia em que a gente não discuta. É um inferno. Ela me aporrinha por conta dos tragos. Acabo perdendo a paciência, fico agressivo, falo besteiras. Depois, me arrependo. Mas aí é tarde. As duas filhas estão sempre do lado dela. Dizem que não sabem como a mãe me suporta. Tem mais.

- O quê?

- Minha mulher quer o divórcio. Diz que não suporta mais viver comigo.

- E você acha que ela está errada, Otávio?

- Depois de tudo que passei nos últimos tempos... Doenças na família, perda de clientes... Só tomando umas.

- Se cachaça resolvesse... (OS)

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