sábado, 22 de outubro de 2016

POLÍTICA/OPINIÃO: RICARDO BOECHAT


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ELEIÇÕES AMERICANAS:
DESENCANTO COM A POLÍTICA

Fez sentido ter sido Las Vegas o palco
do último debate da corrida rumo à Casa Branca

POR RICARDO BOECHAT

ISTOÉ DIGITAL
21/10/20016 – 18h

Esta cidade no meio do nada – onde o mafioso Bugsy Siegel plantou nos anos 40 a semente do que se transformaria na Meca da jogatina – recebe milhões de turistas atraídos por suas luzes coloridas, por seus shows inigualáveis e pelo propósito matematicamente improvável de fazer fortuna nos cassinos. É a Disneylândia dos adultos, que parecem alimentar-se de fantasia até a exaustão.

A campanha presidencial na maior potência do mundo viveu o derradeiro embate entre seus protagonistas deixando como saldo pouco mais do que os caça-níqueis, aqui presentes até nos banheiros, costumam dar aos apostadores.

Exatamente como essas maquininhas afrodisíacas, Hillary Clinton e Donald Trump fizeram disparar a adrenalina dos eleitores – que deverão comparecer em número inédito às urnas no próximo dia 8 – sem lhes oferecer ganhos palpáveis, pouco além de ilusões.

Para um país com os problemas e os desafios dos EUA, a disputa sucessória entre o aventureiro republicano e a insossa democrata foi predominantemente travada até aqui, sem perspectiva de mudança, num terreno temático situado entre o umbigo e o joelho de ambos, passando ao largo de questões como terrorismo, crise migratória, colapso ambiental, desemprego e estagnação econômica, para ficarmos apenas no cardápio mais presente nas preocupações planetárias.

Tamanho erro de foco não pode ter sido apenas obra dos marqueteiros das duas legendas.

Para analistas como Norman Ornstein, do American Enterprise Institute, o cenário eleitoral americano de 2016 resulta do crescente desprestígio da política junto à população, em especial entre os jovens. Esse vazio progressivo fertiliza o surgimento de franco atiradores como Trump, mais eficazes em seus disparos quando miram alvos que, como Hillary, são a antítese de qualquer coisa que lembre renovação. Está posto o terreno ideal à expansão do que chama de “populismo raivoso”, sem ideologia e adaptável a muitas sociedades.

O quadro desolador não está restrito à terra do Tio Sam. É global. A política desta era está tomada pelo bolor.

Há semanas, palestrando em Curitiba, o ex-senador Pedro Simon pediu à plateia de estudantes que apontasse na cena brasileira alguma nova liderança emergente.

O silêncio que se ouviu foi ensurdecedor.

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