quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

QUASE HISTÓRIAS

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CASTIGO DE ESCRAVO, DEBRET


UM HOMEM SENSÍVEL

Andrea Bragatti é um homem rico, muito rico. Em pouco menos de trinta anos, ele o irmão Cesare formaram um patrimônio invejável – e tudo começou com uma fabriqueta de fundo de quintal, como se costuma dizer. Doutor Bragatti – como Andrea gosta de ser chamado, embora não tenha concluído sequer o segundo grau – passa o final de semana assistindo a filmes num dos telões de sua casa de campo, enquanto saboreia queijos e vinhos de primeiríssima linha.

Doutor Braqgatti não dispensa os clássicos de faroeste nem as fitas de ação. Não aprecia muito, contudo, as comédias. Fazê-lo rir não é tarefa fácil. Sua preferência são os filmes que tratam da escravatura, da discriminação sofrida por negros e imigrantes, das injustiças sociais. Chega ir às lágrimas. “Pobres negros, pobres nordestinos, pobres imigrantes de todo o mundo. Uma gente historicamente aviltada” – costuma repetir a quem se disponha a ouvi-lo após um cineminha.

Quando lhe perguntam por que não há negros e nordestinos entre os diretores de suas empresas ou por que uns e outros ganham menos que os brancos que ocupam a mesma função na linha de montagem, Andrea explica:

-- Coitados, eles são vítimas de preconceitos seculares. Ainda hoje pagam o preço. Mas um dia chegarão lá. Basta que continuem se esforçando. A vitória não prescinde da luta, do esforço continuado. Definitivamente, etapas não podem ser queimadas.

Ninguém que tenha meia dúzia de neurônios em atividade entende sua explicação. Afinal, nada impede que Andrea promova quem merece ser promovido ou equipare os salários de seus funcionários. Mas quem há de contrariar o gênio do doutor Bragatti? (OS - ATUALIZADO EM FEVEREIRO DE 2017)

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