terça-feira, 7 de março de 2017

E O AMOR SAIU PELA JANELA


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Maria entrou em casa pisando duro, com cara de nenhum amigo, soltando faíscas, resmungando impropérios. Zé pressentiu que ia sobrar para ele. E sobrou. Sem novidade, sempre sobra.

-- O que aconteceu, Maria?

-- O de sempre. Zé, eu estou cheia de você. Cheia. Esgotada. Você só me faz passar vergonha nessa vida desgraçada que levo.

-- O que eu lhe fiz dessa vez?

-- Quando souberam, no salão, que fiz aniversário ontem, todo mundo quis saber se você tinha me levado para jantar fora, que presente você me deu, essas coisas. Menti. Disse às moças que ganhei uma bolsa lindíssima e que deixamos o jantar para sábado, que ontem estava indisposta etc. Não sei se colou. Nós, mulheres, temos o tal do sexto sentido.

-- Pelo amor de Deus, Maria, não seja injusta. Há anos, você não quer que eu lhe compre presente algum. Você não cansa de repetir que eu não sei fazer compras, erro sempre no tamanho, tenho gosto duvidoso e sei lá mais o quê. Além disso, estamos numa situação complicada. O dinheiro da poupança está no fim, eu não consigo emprego. O que você quer que eu faça? Anteontem, você ainda me disse: “Não me traga nada, por favor. O mar não está pra peixe.” Lembra?

-- Francamente. Você é um obtuso. Leva tudo ao pé da letra. Mas quem sofre as humilhações sou eu.

-- Maria...

-- Vá se catar.

(ORLANDO SILVEIRA – JUNHO DE 2016/ ATUALIZADO EM MARÇO DE 2017)


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Levei uns dias, talvez semanas, para perceber os detalhes do ritual: um homem, quatro copos, dois palitos, um pedaço de pizza. De segunda à sexta, sempre no mesmo horário, por volta das 18horas... Por Orlando Silveira
 
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