sexta-feira, 6 de outubro de 2017

HORA DA VITROLA: BETHÂNIA



MENSAGEM
De Cícero Nunes - Aldo Cabral
Com Maria Bethânia




Quando o carteiro chegou,
E o meu nome gritou,
Com uma carta na mão.
Ante surpresa tão rude,
Nem sei como pude
Chegar ao portão.
Vendo o envelope bonito,
No seu subscrito eu reconheci,
A mesma caligrafia, que disse-me um dia:
Estou farto de ti.

Porém não tive coragem
De abrir a mensagem
Porque na incerteza, eu meditava e dizia:
Será de alegria ?
Será de tristeza ?
Tanta verdade tristonha
Ou mentira risonha, uma carta nos traz...
Assim pensando rasguei, sua carta
E queimei, para não sofrer mais.


TEXTO
De Fernando Pessoa

Todas as cartas de amor são ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras, ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso cartas de amor ridículas.
Afinal, só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor,
É que são ridículas.

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