sexta-feira, 4 de agosto de 2017

CRÔNICA: CARLOS HEITOR CONY

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IMAGEM: ARQUIVO GOOGLE

RISOS E VAIAS

Por Carlos Heitor Cony
Pensata – UOL
04/10/2005

Uma das curiosidades dos textos que leio, na mídia impressa, é a rubrica que se tornou generalizada, não sei se ensinada nas faculdades de comunicação, ou adotada pela necessidade de chamar atenção para um detalhe considerado irônico ou engraçado.

O entrevistado ou declarante está divagando sobre um tema qualquer, com a seriedade que se espera de alguém que mereça ser entrevistado ou declarante. Lá pelas tantas, diz ou lembra alguma coisa, algum episódio que ele próprio considera irônico ou engraçado. E ri.

Ao fazer o texto, o entrevistador coloca entre parêntesis: "riso". Ou "risos", no plural quando, além do entrevistado, o entrevistador também ri. Dou um exemplo banal: "Todo mundo morre, eu sei que morrerei um dia (risos). Mas confio em Deus que este dia esteja bem longe (risos)."

O recurso da rubrica é natural e até necessário para os textos de teatro, embora os diretores não obedeçam às marcações dos autores, por conta da criatividade pessoal. Há sempre a indicação para os personagens idosos: tosse, pigarro, sobretudo tosse. Todos os velhos tossem em cena e, eventualmente, na vida real. Também nos parlamentos há a indicação dos aplausos e, no final do discurso, a informação suplementar: "Palmas. O orador é vivamente cumprimentado".

Paro por aqui. Fico a merecer uma rubrica para o que acabei de escrever: "O cronista é intensamente vaiado" (risos).

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