Tela: Paul Cézanne |
A HÓSPEDE
Não
precisa bater quando chegares.
Toma
a chave de ferro que encontrares
sobre
o pilar, ao lado da cancela,
e
abre com ela
a
porta baixa, antiga e silenciosa.
Entra.
Aí tens a poltrona, o livro, a rosa,
o
cântaro de barro e o pão de trigo.
O
cão amigo
pousará
nos teus joelhos a cabeça.
Deixa
que a noite, vagarosa, desça.
Cheiram
a relva e sol, na arca e nos quartos,
os
linhos fartos,
e
cheira a lar o azeite da candeia.
Dorme.
Sonha. Desperta. Da colmeia
nasce
a manhã de mel contra a janela.
Fecha
a cancela e vai.
Há
sol nos frutos dos pomares.
Não
olhes para trás quando tomares
o
caminho sonâmbulo que desce.
Caminha
- e esquece.
Guilherme de Almeida
Nenhum comentário:
Postar um comentário